Polo de criação de softwares interrompe fuga de cérebros e segura na capital pernambucana centenas de experts em tecnologia
por Débora Nogueira* | Fotos: divulgação
Escrevendo o futuro :Centro hi-tech no Recife tem 550 funcionários em busca de soluções para problemas da sociedade
Dinheiro, no entanto, não é o principal objetivo. Não estivessem nesse edifício tombado, muitos ali teriam ido para outras cidades brasileiras ou para o exterior. Era o que acontecia com os alunos de Ciências da Computação do professor Silvio Meira na Universidade Federal de Pernambuco em 1996, quando ele criou o Cesar para conter a fuga de cérebros. Sem fins lucrativos, o centro reinveste o lucro nos mais de 50 projetos que conduz, todos voltados à inovação. “E tudo se resume a software. No futuro, não haverá nada que não seja fruto de vocação. Tudo será por software”, prevê Meira, cientista-chefe do centro e um dos mais respeitados pesquisadores de tecnologia no Brasil.
Problemática e solucionática

Foto: Divulgação
Um exemplo de problema resolvido por eles recentemente é a irrigação de grãos. Esse trabalho é feito pelos pivôs, enormes estruturas que molham áreas de até 100 campos de futebol. Para ligar o pivô e controlar a pressão da água, um funcionário visita todos os dias o equipamento, que costuma ficar longe da sede da fazenda. “Isso gera um gasto enorme de energia. Muitas vezes o pivô funciona mesmo que esteja chovendo", explica o executivo-chefe de negócios do Cesar, Eduardo Peixoto.
Para combater o desperdício, foi criado um sistema de monitoramento do pivô em tempo real. Com ele, o fazendeiro usa o computador ou o celular para acionar o equipamento remotamente, por GSM ou rádio. O software também envia alertas via SMS ou e-mail em casos de mau funcionamento da máquina. Além de economizar água, energia e mão de obra, isso melhora a produtividade. O uso de pivô costuma aumentar a produção em 150%. Com esses recursos adicionais, dizem os especialistas do Cesar, a produção pode crescer em até 400%. O sistema está em teste em Goiás há quase um ano, e deve ser comercializado em 2013.
Porto seguro do hi-tech
Projetos como o do pivô renderam reputação no mercado. Hoje, o Cesar trabalha com 58 clientes, como Banco do Brasil, Samsung e Siemens. O centro foi também um dos primeiros passos para a criação, em 2000, do Porto Digital, um polo de softwares no Recife que reúne 200 empresas, 6.500 profissionais, e fatura R$ 1 bilhão ao ano. Ao todo, 15 companhias do Porto surgiram de ex-funcionários do Cesar. Há lá dentro incentivo para que os empregados desenvolvam um projeto e tornem-se empreendedores. O Cesar dá suporte que vai da metodologia a recursos financeiros por até 6 meses.
A criatividade e o empreendedorismo são também estimulados de outras maneiras. “Em tese, a única coisa que você precisa para fazer inovação é uma estrutura básica de galpão, eletricidade, laptop e ar-condicionado”, afirma Silvio Meira. Ao visitar a sede do Cesar, vemos que não é só isso. Lá, os horários são flexíveis, há muitas pessoas que trabalham de casa e existe um clima amistoso. Há também o contato constante com ideias trazidas por alunos, já que os engenheiros do Cesar ensinam seu método de trabalho baseado em problemas reais no projeto Cesar.Edu. O projeto interno oferece desde cursos técnicos (para alunos de ensino médio), passando pelos de extensão com foco em entrega de projetos a um mestrado em Engenharia de Software. As aulas são baseadas nas demandas do mercado, e os professores levam problemas concretos à sala de aula.
A criatividade e o empreendedorismo são também estimulados de outras maneiras. “Em tese, a única coisa que você precisa para fazer inovação é uma estrutura básica de galpão, eletricidade, laptop e ar-condicionado”, afirma Silvio Meira. Ao visitar a sede do Cesar, vemos que não é só isso. Lá, os horários são flexíveis, há muitas pessoas que trabalham de casa e existe um clima amistoso. Há também o contato constante com ideias trazidas por alunos, já que os engenheiros do Cesar ensinam seu método de trabalho baseado em problemas reais no projeto Cesar.Edu. O projeto interno oferece desde cursos técnicos (para alunos de ensino médio), passando pelos de extensão com foco em entrega de projetos a um mestrado em Engenharia de Software. As aulas são baseadas nas demandas do mercado, e os professores levam problemas concretos à sala de aula.

Ímã
criativo: com horários flexíveis, clima amistoso e centro de estudos, o
cientista Silvio Meira (acima) criou um polo tecnológico que passou a
segurar talentos que antes saíam do Recife
O que é de Cesar
Veja algumas das tecnologias desenvolvidas no centro:
Veja algumas das tecnologias desenvolvidas no centro:
VANT
Um pequeno helicóptero não-tripulado foi criado para fazer imagens e inspecionar os quilômetros de instalações de energia elétrica (especialmente linhas de transmissão) da Chesf. A aeronave foi projetada para voar a uma distância máxima de 50 metros acima da linha de transmissão.
Monitor de Irrigação
Transmite as informações dos sistemas de irrigação localizados longe da sede da fazenda por GSM e rádio, envia alertas sobre a manutenção do equipamento e permite que ele seja acionado remotamente, evitando desperdícios.
Inteligência de Tráfego
Rede de sensores sem fio que possibilita a identificação de veículos no trânsito de grandes cidades. Isso permite, por exemplo, interferir no tráfego para priorizar a passagem de veículos especiais.
Detecção Facial
Sistema que reconhece rostos, gestos e movimentos para ser usado em
conjunto com aplicativos e jogos de celulares.
Disponível em: http://revistagalileu.globo.com/Revista/Common/1,,EMI325183-17579,00.html
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