sexta-feira, 21 de março de 2014

Netflix e o pedágio da Internet

Disponível em: http://filmes-netflix.blogspot.com.br/2014/03/netflix-e-o-pedagio-da-internet.html


Reed Hastings, diretor executivo da Netflix, publicou ontem no blog da empresa um artigo sobre "neutralidade de rede" e o contrato firmado entre a Netflix e a Comcast.

Veja a seguir um resumo dos principais pontos levantados.

Hastings começa o texto afirmando que a neutralidade de rede deve ser defendida e fortalecida, e faz uma distinção entre neutralidades "fraca" e "forte". A "neutralidade forte" impede que os provedores cobrem "pedágio" de serviços como Netflix, YouTube e Skype (ou de intermediários, como Cogent, Akamai ou Level 3) para entregar serviços e dados aos consumidores domésticos. Ao invés disso, os provedores devem fornecer acesso a suas redes sem cobrar por isso.

Alguns provedores menores já praticam a "neutralidade forte", e seus assinantes de banda larga têm ótima qualidade com a Netflix e outros serviços de streaming, mas assinantes de outros grandes provedores dos EUA não têm a mesma sorte. Um artigo recente no Wall Street Journal tratou do assunto, utilizando dados publicados pela Netflix.

Sem "neutralidade forte" os grandes provedores podem cobrar taxas cada vez maiores pela interligação necessária à entrega de serviço de alta qualidade, aumentando os custos e preços desses serviços. A curto prazo, a Netflix pagará o "pedágio" para garantir a qualidade da experiência a seus usuários. Ela não está pagando para ter prioridade de acesso em relação a concorrentes, mas apenas pela interligação. Há algumas semanas a Netflix concordou em pagar à Comcast, e seus usuários voltaram a ter uma boa experiência. A Comcast tem apoiado a "neutralidade fraca", e a Netflix espera que ela apoie também a forte.

Às vezes os provedores apontam para dados mostrando que a Netflix é responsável por 30% do tráfego de Internet em horários de pico, e que por isso a Netflix deveria compartilhar com os custos dos provedores. Mas eles nãos se oferecem para compartilhar com a Netflix (nem com serviços semelhantes) parte de sua receita, portanto não há sentido em compartilhar os custos. Se um provedor vende a um cliente uma conexão de 10 ou 50 megabits por segundo, o consumidor deveria conseguir essa velocidade, não importando de onde os dados estão vindo.

A Verizon acusou a Netflix de sobrecarregar sua rede "empurrando o volume de dados que quiser". A Netflix não "empurra" dados, ela satisfaz requisições feitas pelos clientes dos provedores, que pagam muito dinheiro por uma conexão à Internet de alta velocidade.

Alguns grandes provedores estão cobrando um "pedágio" porque podem - eles efetivamente controlam o acesso a milhões de consumidores e estão dispostos a sacrificar o interesse de seus próprios clientes para pressionar a Netflix e outras empresas a pagar. Embora eles tenham o volume e poder para fazer isto, deveriam entender que a longo prazo o apoio à "neutralidade forte" é de seus interesses. Enquanto a curto prazo a Netflix pagará, relutantemente, grandes provedores para garantir a experiência de seus clientes, a Netflix continuará a lutar por uma Internet que o mundo precisa e merece.
 

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