Em um levantamento feito com 12 mil empresas iniciantes do Vale do Silício, pesquisadores americanos apontam as razões do sucesso e do fracasso de uma startup
Por Thomaz Gomes![]() |
QUEM É: coordenador do Startup Genome, projeto que investiga o caminho da sobrevivência das startups O QUE FAZ: é um dos fundadores da aceleradora Blackbox |
Você sabia que tentar crescer prematuramente é o maior motivo do fechamento de empresas iniciantes de tecnologia? Essa é uma das conclusões do Startup Genome, projeto da aceleradora americana Blackbox que compilou dados sobre a trajetória de mais de 12 mil startups do Vale do Silício, no primeiro semestre de 2011. Bjoern Lasse Herrmann, um dos coordenadores do projeto, explica como os empreendedores podem se beneficiar com o estudo.
P: Por que vocês decidiram criar o projeto Startup Genome?
R: Acredito que, nos próximos 20 anos, o empreendedorismo dará origem a uma grande transformação socioeconômica global. Mas isso só será possível se conseguirmos diminuir a taxa de mortalidade dessas empresas em estágio inicial. Cerca de 90% delas fecham as portas devido a problemas internos de gestão. Ou seja, a falência ocorre por causa de erros que poderiam ser evitados. Para tentar mudar esse panorama, decidimos organizar a experiência desses empreendedores digitais, identificando seus erros e acertos.
P: Os números do estudo são baseados na análise de cases de tecnologia do Vale do Silício, um ecossistema de negócios bastante particular. Esses dados podem ser aplicados a outros locais?
R: Nesse primeiro momento, nossa meta é compartilhar com o mundo os dados referentes à experiência desses empresários, que vivem em um cenário de forte inovação. Acredito que o relatório serve como referência para milhares de startups do planeta. No futuro, pretendemos explorar outros ecossistemas. Também vamos analisar como as lições aprendidas com o Startup Genome se aplicam a outras áreas. Meu palpite é que encontraremos muitas similaridades.
P: na sua opinião, qual a conclusão mais importante do projeto?
R: Empreendedores que procuram conhecimento são mais bem-sucedidos. Para determinar isso, utilizamos um critério que leva em conta diversos tipos de aprendizado, de mentores ao feedback das redes sociais. Outra conclusão importante foi a de que tentar escalar o negócio prematuramente é a maior razão do fracasso das startups. Isso ocorre porque as empresas superestimam o potencial de mercado de seu produto ou serviço, sem fazer testes com os consumidores.
P: Você acredita que o estudo pode ser útil para os investidores?
R: Sim. Muitas vezes, a relação entre empreendedores e investidores é marcada pela dificuldade de comunicação. São duas pontas de um negócio que vivem em mundos diferentes. Com o Startup Genome, queremos ajudar os investidores a entender as motivações dos empreendedores e os ciclos da empresa.
P: A aceleradora Blackbox pretende dar continuidade ao projeto?
R: Estamos trabalhando no Startup Genome Compass, uma ferramenta que permite cruzar os dados de qualquer empresa com os levantados pela pesquisa. Além disso, vamos nos aprofundar na questão da escala prematura. É uma pesquisa muito interessante, que está trazendo insights sobre o funcionamento de startups. Todo dia descobrimos algo novo.
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